A castanha foi o mote para o Capítulo de Outono que a Confraria de Saberes e Sabores da Beira ‘Grão Vasco’ levou a cabo numa unidade hoteleira da cidade de Viseu. José Laranjo, docente e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) foi o orador convidado. Entre outros, estiveram também presentes Pedro Ribeiro, vereador da Câmara de Viseu; Costa Pinto, em representação da Freguesia de Viseu; Flávio Martins, presidente do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas; Guilherme Almeida, deputado por Viseu na Assembleia da República, e Alexandre Rocha, da nova Confraria das Febras e Enogastronomia de Mangualde.
Cerca de meia centena de participantes marcaram presença no Capítulo de Outono da Confraria de Saberes e Sabores da Beira ‘Grão Vasco’. Este encontro convívio teve como orador José Laranjo, um dos mais conceituados investigadores a nível internacional no que ao castanheiro e à castanha diz respeito, e foi aproveitado para comemorar o São Martinho. Serviu também para retomar das atividades normais da Confraria, depois de dois anos atípicos.
Num repasto em que a castanha foi o ingrediente principal, José Laranjo deu ‘uma aula’ à volta do tema. Num ano em que a quebra de produção foi significativa, o investigador disse que, em termos nacionais, “houve perdas a rondar os 40%”. O também presidente da REFCAST – Associação Portuguesa da Castanha e vice-presidente da EuroCastanea – Rede Europeia da Castanha referiu que a quebra de produção “teve a principal origem na altura da floração”, defendendo que a seca não foi a razão principal para a baixa produtividade do castanheiro nesta campanha.
José Laranjo apontou algumas das lacunas deste setor, importantíssimo para a economia das regiões de interior, nomeadamente a falta de competitividade, num ano em que os preços à produção subiram e deixaram os agentes económicos que operam nos mercados nacional e internacional em dificuldades, pois não conseguiram competir com os preços praticados pelos produtores italianos, franceses e espanhóis, acabando por perder alguns negócios, com reflexo nos próximos anos. Alertou também para a grande aposta que o Chile está a fazer na produção de castanha, que chega ao mercado europeu em contraciclo, nos meses de abril e maio.
O docente da UTAD defendeu a aposta nas variedades regionais, como a Martaínha, que considerou a ‘rainha’ das castanhas, pois concentra “o melhor que podemos encontrar neste fruto”. A título de curiosidade, José Laranjo lembrou que a castanha “não é um fruto seco” e que não deve ser guardada na despensa, mas sim no frio para travar o desenvolvimento de alguns fungos, que levam à podridão da castanha, ou a ficar seca, em poucos dias.
Na ocasião, Pedro Ribeiro, vereador com os pelouros da Educação e do Ambiente da Câmara de Viseu, destacou a importância da Confraria Grão Vasco no meio associativo da cidade, mas também o papel que tem desempenhado na aproximação às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.
A encerrar o Capítulo, o Almoxarife da Confraria ‘Grão Vasco’ agradeceu a presença de José Laranjo, a quem foi entregue o certificado de Confrade Titular. José Ernesto Silva apelou à participação de todos nas atividades da Confraria, que tem marcado para abril do próximo ano um Capítulo de Entronização de novos confrades. De referir que, nesta iniciativa, o certificado de Confrade Titular foi entregue a mais cinco futuros confrades.
Na sala estavam dois ex-alunos de José Laranjo. O enólogo Carlos Silva e a esposa, Susana Abreu, também membros da Confraria Grão Vasco, ofertaram-lhe uma caixa de vinho ‘Índio Rei’, produção da Amora Brava.