TRADIÇÕES DE JANEIRO

TRADIÇÕES DE JANEIRO

TRADIÇÕES DE JANEIRO

Santos Mártires de Marrocos
O mês de Janeiro no Folclore

“O mês de Janeiro começa na segunda fase folclórica do Ciclo do Natal, que vai de 1 – o Ano Bom ou Ano Novo, com as Janeiradas ou Janeiras, que se cantam, que se dão e que se recebem, e chega aos Reis no dia 6. Esta fase continua com unidade e sequência a que principia na véspera de Natal, com a Consoada e a Missa do Galo, o Cepo ou Madeiro a arder no adro da igreja ou na lareira da casa familiar.
Passa o período exaustivo das boas-festas e das consoadas, repetidas no Natal, no Ano Bom (ignobilmente mascaradas no antipático “reveillon”, que não é mais que deturpação da bem portuguesa “consoada”), e nos Reis; passam os coros populares, com adultos ou crianças a formá-los, restos hoje incompreendidos de manifestações de solidariedade e confraternização entre os habitantes do mesmo lugar. Passam também as representações sugestivas, de carácter litúrgico, por formas e agentes populares, dos autos do Natal, pastoradas, reisadas, etc.
Começa o ano com todas as suas solenizações periódicas e os trabalhos continuados. E a folhinha folclórica do ano se guê o seu soletrar diário.
A 10, celebra-se em Amarante a “festa pequena” de S. Gonçalo, a que se ligam provas manifestas de antigos cultos. A 15, cabe a vez a Santo Amaro, a quem tantas mãos, tantos pés, braços e muletas, carrinhos, se oferecem ex votos, – os membros, feitos de materiais variados, da cera à prata, os instrumentos de locomoção artificial, esses como são. Ali os deixam nas capelas do Santo aqueles que lhe pediram socorro nas aflições e nas desgraças da vida.
A 16, vêm os “Gloriosos Santos Mártires de Marrocos”. Coimbra os tomou por protectores seus, e venera-lhes os despojos e a memória na igreja de Santa Cruz. A 17, Santo Antão, protector dos gados. A 20, S. Sebastião, advogado contra a peste, a fome e a guerra, que foi venerado em todas as praças de guerra. Em Arcos de Valdevez, na noite de 19 para 20, é de tradição acenderem fogueiras nos cabeços, em redor da vila. Na Feira realiza-se a “festa das fogaceiras”, vestígio de antigo culto oficial ali prestado, pelas autoridades do concelho, ao Santo que o livrou de crise da peste; o cortejo das fogaceiras é formado de raparigas vestidas de branco, imposição de ritual, que a tradição mantém. A 22, tem a festa S. Vicente, conservada na liturgia católica em Lisboa, de que é patrono, e no Algarve, donde a lenda cristã e portuguesa o traz para Lisboa. Na capital, os corvos chamam-se vicentes na locução popular, e aparecem nas armas brasonais da Cidade, espalhadas pela Cidade.”