Aristides de Sousa Mendes foi homenageado em Marly-le-roi pela Associação Les Amis du Jumelage (Os Amigos da Geminação), evento que contou com a presença do neto, Gerald Mendes. A exibição do filme “O Cônsul de Bordéus” e uma sessão de perguntas e respostas foram os momentos altos da iniciativa.
O evento decorreu no Centro Cultural Jean Vilar, em Marly-le-roi, cidade dos arredores de Paris, que está geminada com Viseu. Marcaram presença o presidente da Câmara local, Jean-Yves Perrot, bem como vereadores da autarquia, representantes da Embaixada portuguesa e Consulado em Paris, membros da comunidade portuguesa, entre outras entidades e individualidades civis e religiosas.
A Confraria de Saberes e Sabores da Beira ‘Grão Vasco’, de Viseu, esteve representada pelo Almoxarife José Ernesto Silva e por José Luís Araújo, vogal do Almoxarifado, a convite da Associação Les Amis du Jumelage. Recorde-se que Confraria ‘Grão Vasco’ tem um protocolo de representação recíproca com a Associação organizadora do evento.
Na cerimónia, o presidente da Câmara de Marly-le-roi, Jean-Yves Perrot, destacou a realização do evento na sua cidade, realçando a figura de Aristides de Sousa Mendes como um exemplo para a humanidade. Por sua vez Carlos Oliveira, Cônsul de Portugal em Paris, realçou o significado da cerimónia, lembrando que Aristides de Sousa Mendes é hoje uma referência incontornável da história contemporânea portuguesa, destacando também o papel e a importância das Associações no intercâmbio e na relação com as comunidades portuguesas.
Antes, já Patrick Gautier-Lynham, presidente da Associação Les Amis du Jumelage, tinha justificado o significado e a importância de homenagear Aristides de Sousa Mendes, evidenciando o seu exemplo de humanismo e entrega aos outros.
O Almoxarife da Confraria ‘Grão Vasco’ lembrou que “Aristides de Sousa Mendes é uma ilustríssima figura da nossa região, de Carregal do Sal, nos arredores de Viseu”, José Ernesto Silva destacou “a sua generosidade e exemplo de humanidade”, pois “o seu gesto não foi apenas pelos judeus, por todos quantos salvou do holocausto, mas por todos nós”. “Foi esse o exemplo que Aristides de Sousa Mendes nos deixou e que devemos seguir”, enfatizou o Almoxarife da Confraria ‘Grão Vasco’.
Depois da exibição do filme, seguiu-se uma sessão de perguntas e respostas entre a assistência, – presente em bom número, tendo em conta o momento que atravessamos, – e Gerald Mendes, centrada na história do seu avô e na mensagem que deixou ao mundo.
“É bom não esquecer as lições do passado”
Gerald Mendes agradeceu mais esta homenagem. “Senti uma enorme satisfação em representar o meu avô e a história da nossa família. Esta é uma história do passado que se reflete no presente e no futuro”, afirmou. Sobre a Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal (Portugal), o neto do Cônsul de Bordéus diz que “vai ser reabilitada em 2022, onde ficará instalado um museu com as memórias de Aristides de Sousa Mendes, da sua família, dos refugiados da época, mas também dos refugiados contemporâneos”.
Gerald Mendes diz que “é uma enorme responsabilidade representar toda a família, em especial o meu avô, e de explicar a importância do seu gesto e o que dele tiramos, porque é bom não esquecer as lições do passado”.
O neto de Aristides de Sousa Mendes reforçou a importância “de partilhar os ideais do meu avô com a comunidade em geral, nomeadamente com os alunos das escolas”, pois “vivemos tempos não muito diferentes dos daquela época”, afirmou Gerald Mendes.
Sobre o filme, o neto do Cônsul de Bordéus considerou que “este e outros, – que mostram a história, embora ficcionada, do gesto de Aristides de Sousa Mendes, – servem para lembrar as lições que dele devemos tirar no presente e no futuro”.
Texto e fotos: José Luís Araújo