Uma dezena de Confrarias participaram no I Encontro Confrádico da Feira do Vinho do Dão, que decorreu em Nelas no fim de semana. A iniciativa da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas contou com o apoio da Câmara Municipal de Nelas.
Na tertúlia “O vinho do Dão e a gastronomia nacional”, que decorreu no auditório da Casa da Cultura de Nelas, foi o momento alto do programa, em que os participantes debateram as várias questões que hoje estão sobre a mesa, no que à gastronomia diz respeito, mas também o afastamento dos jovens do vinho.
Agostinho Peixoto, da Confraria Gastronómica do Abade, de Braga, e um profundo conhecedor do mundo dos espumantes, foi um dos convidados. Salientou o papel das confrarias na divulgação do saber fazer, mas também as questões em torno do serviço que é prestado em alguns restaurantes, nomeadamente no que ao vinho diz respeito. Agostinho Peixoto destacou também a evolução que os vinhos do Dão têm tido no panorama nacional e internacional.
Já Nelson Augusto, docente da Escola Profissional Mariana Seixas e Grão-Mestre da Confraria Gastronómica do Dão, referiu que “há alguma resistência dos jovens em iniciar o consumo do vinho”, salientando que “há obstáculos que levam algum tempo a ultrapassar”, nomeadamente “porque há algumas bebidas mais fáceis e doces”. Contudo, Nelson Augusto alerta para o facto de os jovens “consumirem bebidas com teor alcoólico que o vinho”.
Mafalda Almeida, docente da Instituto Superior de Lisboa e Vale do Tejo e consultora na área do enoturismo, aprendeu a ligação entre a gastronomia e o vinho, ainda cedo, num restaurante que a família explorava em Viseu. Alertou para “o nível do serviço de vinhos que muitos restaurantes apresentam, que não é o melhor”, referiu Mafalda Almeida, salientando a importância da formação nesta área.
Já Fidalgo de Freitas, psiquiatra e membro da Confraria dos Enófilos do Dão, apontou o vinho como um elemento importante na gastronomia, sustentando que “bebido com moderação tem efeitos positivos na saúde”. Alertou para os excessos “comuns em alguns jovens, com bebidas de elevado teor alcoólico”.
Carlos Almeida, vice-presidente da FPCG, considerou que este encontro se insere “nos objetivos que a Federação tem na realização de encontros regionais”, com o objetivo “de agregar cada vez mais o movimento confrádico, quer nas confrarias gastronómicas, quer as báquicas”. O dirigente considerou que, neste caso, “era importante organizar um evento que juntasse as confrarias da região Dão-Lafões e, ao mesmo tempo, reforçá-lo”, lembrando que a Federação “estará ao lado das confrarias”, com a necessidade de “sentir como está o espírito confrádico”.
O vereador da Câmara de Nelas, Rui Marques, realçou a “importância” desta iniciativa para a Nelas e para a Feira do Vinho do Dão, fazendo votos que “este seja o primeiro passo para a realização de um grande evento confrádico, associado a um certame que “promove o maior ‘embaixador’ desta região”.
Participaram no evento a Confraria dos Enófilos do Dão; a Confraria Gastronómica do Dão e a Confraria de Saberes e Sabores da beira ‘Grão Vasco’, ambas de Viseu; a Confraria das Febras e da Enogastronomia de Mangualde; a Confraria Gastronómica e Enófila de Terras de Carregal do Sal; a Confraria dos Bolos, Doces, Aguardentes e Licores de Ervedal da Beira, de Oliveira do Hospital, a Confraria Gastronómica de Lafões; a Confraria Gastronómica do Frango do Campo, de Oliveira de Frades, e a Confraria Gastronómica do Abade, de Braga, como convidada.
Depois de almoço beirão no restaurante Bem Haja, em Nelas, houve uma visita à Feira do Vinho do Dão.